segunda-feira, 31 de março de 2008

Um Convite.

Purê de Batatas
dança, teatro e afins

convida para

Pequenas Ações Terroristas

lançamento da segunda fase do projeto Histórias do Corpo


05 de abril de 2008 - 20h
Usina do Gasômetro - Sala 309


Um abraço,
Dani Boff, Heloisa Gravina e Michel Capeletti

sexta-feira, 14 de março de 2008

Este é um video do inicio de toda a pesquisa para a criação do Pequenas Ações Terroristas


Captação e edição: Diego Mac

E aqui, de onde nasceu o Pequenas Ações Terroristas

Purê de Batatas — dança, teatro e afins

O Purê de Batatas — dança, teatro e afins constitui-se como um grupo de pesquisa em dança. Entretanto, mais do que afirmar uma diferença em relação a outras áreas artísticas, o que nos interessa é investigar possibilidades poéticas do corpo em movimento, e nossas trajetórias nos levam a priorizar a linguagem de dança. Outras referências — o teatro, a inserção teórico-acadêmica, mais recentemente a capoeira — são processadas em nossos corpos e constituem-se em composições dramatúrgicas que reconhecemos como dança.

O grupo encontrou sua formação atual ao longo de seis anos. Constam em nossa trajetória as coreografias für was kann Tango alles gut sein?, em parceria com Nando Messias; Canção nº 1, apresentada na Mostra Verão de Dança 2001, Dois — fragmento, apresentada no 1º Usina Brasil Telecom de Dança, 2001. O primeiro trabalho no formato espetáculo completo foi DOIS (estréia em 2003, com financiamento do FUMPROARTE/PMPA ). Desde então, buscamos desenvolver nossos trabalhos de forma colaborativa.

Em nosso espetáculo mais recente, Era uma vez, não era uma vez... (financiamento FUMPROARTE/PMPA 2005), tínhamos a direção de Heloisa Gravina para uma dramaturgia construída coletivamente ao longo de um ano de pesquisa. Naquela montagem, incursionamos pelo universo infantil, trazendo o ambiente de contação de histórias para a linguagem da dança. A partir de contos de fadas, nos apropriamos de tipos que eram recorrentes nas histórias — príncipes, princesas, bruxas, monstros, bem como situações arquetípicas, eram recombinados em cena, gerando várias possibilidades de desenrolar para uma história. Um espetáculo que deixava espaço para a interferência das crianças.

Para o presente projeto, buscamos outra organização: a concepção e a performance ficam a cargo de Heloisa Gravina e Dani Boff, enquanto Michel Capeletti atua como colaborador, pesquisando interferências sonoro-musicais, corporais e conceituais. Os integrantes do Purê de Batatas participam de uma organização coletiva mais ampla, o ARTERIA — artistas de dança em colaboração. A fim de estreitar essas formas de colaboração, e de ampliá-las, para este trabalho contamos ainda com a participação de outros observadores convidados: Tatiana da Rosa, Cibele Sastre e Mônica Dantas (bailarinas pesquisadoras do ARTERIA), Alexandra Dias (bailarina e atriz pesquisadora do Projeto MAX e integrante do ARTERIA), Lucenira Kessler (psicóloga, doutoranda em antropologia social), Lorena Avellar de Muniagurria e Patrick Laigneau (antropólogos), Lu Mena Barreto (fotógrafa), Diego Mac (bailarino e vídeomaker).

Plano de desenvolvimento dos trabalhos
A pesquisa-teórico prática tem vários procedimentos para investigar o tema: ensaios em sala, ações na rua, observação e entrevista, sistematização dos dados e um Open Studio.


1- ENSAIOS EM SALA

Serão realizados três ensaios em sala por semana, com duração de quatro horas cada. Nesses encontros, serão trabalhadas as técnicas de movimento que fundamentam a criação do trabalho: princípios de Release, Contact Improvisation, Laban-Bartenieff e outras técnicas abarcadas sob o nome de Educação Somática. Serão realizadas improvisações a partir de temas diversos, tanto inspirados em obras literárias (Julio Cortazar, Ítalo Calvino e contos populares) quanto das trajetórias pessoais das performers. Também nesses encontros a experiência da performance na rua (descrita em detalhe a seguir) será processada corporalmente e transformada em material para composição do trabalho. Em pelo menos um desses encontros semanais, haverá a presença do colaborador, trazendo propostas musicais e sugestões de trabalho corporal.

2 – AÇÕES NA RUA

Será realizada uma ação na rua por semana. A estas ações denominamos Pequenas Ações Terroristas. Acontecem num espaço público, interferindo nos ritmos rotinizados e na paisagem habitual desse espaço. Temos duas categorias para essas ações: as que acontecerão ao longo dos cinco meses do projeto sempre no mesmo espaço, e as que acontecerão apenas uma vez em cada lugar, circulando pelos mais diversos pontos da cidade.Trataremos de estabelecer um vínculo num local da cidade (Porto alegre), estando duas vezes por mês nesse local durante cinco meses (a duração do projeto), e escolheremos um outro local itinerante, ou seja, diferente a cada semana. Assim, estaremos trabalhando com duas formas distintas de estabelecer vínculos com o espaço, e pretendemos levar ambas experiências para a composição do trabalho. Vale ressaltar que essas ações performáticas são compreendidas tanto como parte de um processo criativo quanto como obras artísticas em si. Sua ocorrência na cidade já configura um evento artístico, engendrando por si só possibilidades de construção poética.

3 – OBSERVAÇÃO E ENTREVISTAS

A observação será realizada tanto pelas performers no momento mesmo da ação quanto por um observador convidado a cada interferência. Após o término do evento performático propriamente dito, performers e observador realizarão pequenas entrevistas com a audiência, a fim de identificar possíveis negociações de sentido constituintes do evento. No espaço ao qual retornaremos periodicamente, imaginamos que outra sorte de vínculo será estabelecido, e que entrevistas mais aprofundadas poderão ser realizadas com o público habitual do local. Assim, retornaremos a esse espaço em momentos diferentes para realizar tais entrevistas.

4 – SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS

Compreende tanto a transcrição das entrevistas e a organização do material captado em vídeo e foto, quanto a elaboração corporal da experiência da performance. Ou seja, trata-se de processar no corpo essa experiência, a fim de organizá-la dramaturgicamente como parte da composição coreográfica.

5 - OPEN STUDIO

Como finalização dessa etapa da pesquisa, será realizado ainda um Open Studio, num local na cidade de Porto Alegre (a definir) destinado a eventos culturais como exposição de artes plásticas e/ou festas, à noite. Esta dinâmica já foi anteriormente desenvolvida por um grupo de pesquisa em dança da mesma cidade (Projeto Max), em parceria com o ARTERIA, e do qual participamos como convidadas (material em anexo) apresentando uma primeira incursão por essa pesquisa.

Este evento será uma estratégia de lançamento da obra coreográfica criada através dessa pesquisa, bem como parte de uma dinâmica já habitual dentro do ARTERIA, coletivo de artistas do qual o Purê de Batatas é integrante, de colocar seus trabalhos num ambiente de discussão constante com seus pares e com o público em geral. O ambiente do Open Studio atende a essas necessidades, apresentando o trabalho artístico dentro de uma atmosfera a um só tempo festiva e reflexiva (dimensões que para nós não são excludentes, mas mutuamente estimulantes).



Pequenas Ações Terroristas: objetivo e justificativa

Pequenas Ações Terroristas integra um projeto mais extenso do Purê de Batatas, chamado Histórias do Corpo, o qual compreende pesquisa, montagem de espetáculo e publicação de um livro. A pesquisa corporal para este trabalho vem sendo desenvolvida por nós desde julho de 2006, e é uma continuidade das investigações desenvolvidas pelo grupo desde 2003. Mais estritamente, teve sua gênese durante o processo de pesquisa para composição do espetáculo para público infantil Era uma vez, não era uma vez..

Para aquela montagem, buscamos acessar estruturas dramatúrgicas específicas através da leitura e improvisação sobre extenso material proveniente dos contos de fadas (ver material em anexo). Ao longo do processo, experimentamos possibilidades de elaborar no corpo uma dramaturgia que retivesse as estruturas identificadas nas inúmeras e variadas versões dos contos de fadas, de diversas épocas e tradições. O resultado foi uma narrativa na qual situações recorrentes e arquetípicas dos contos eram traduzidas pelo jogo corporal, pelo contar e recontar histórias, pelo desvendar do próprio ato de narrar como instaurador da narrativa.

Desse processo, emergiu a idéia de que as histórias ganhavam sentidos na medida em que eram encarnadas e performatizadas — ou seja, vividas no encontro entre performers e audiência. Emergiu igualmente o desejo de aprofundar as possibilidades do corpo como narrador, como contador de histórias, e de ampliar a investigação sobre o potencial dialógico do evento performático. Assim, o projeto Pequenas Ações Terroristas inscreve-se numa perspectiva artística que busca instaurar recortes reflexivos na realidade cotidiana, através da explicitação dos mecanismos de construção de sentidos presentes tanto nas ações corriqueiras quanto na obra artística. Este projeto é também fruto de nossas buscas pessoais como artistas pesquisadoras.

Vale pontuar, ainda, que Pequenas Ações Terroristas é também uma ação do ARTERIA — artistas de dança em colaboração e, como tal, visa trabalhar na construção de ambiente artístico e político, abrangendo, neste momento, a cidade de Porto Alegre. Entretanto, ambiciona ampliar seu escopo, sobretudo através das redes tecidas pelo Conexão Sul — encontro de artistas de dança da Região Sul (evento promovido pelo ARTERIA desde 2002), tanto em sua fase mais especificamente performática (ações na rua e espetáculo) quanto por meio da publicação posterior à pesquisa.

Assim, neste projeto interessa tanto o trabalho corporal em sala quanto o estar na rua, como momentos igualmente importantes do processo. Não pretendemos que o espetáculo montado (ou mesmo a publicação) seja o objetivo final para o qual nos dirigimos, mas mais um momento nesse percurso. Assim, cada performance na rua é tanto um evento em si mesmo, quanto uma porta aberta para conferir novos rumos ao trabalho de sala. Pretendemos que o projeto completo tenha a duração de quatro anos (iniciado em 2006 e com previsão de lançamento do livro para 2010). Para este edital, solicitamos financiamento para a Fase 1, conforme o que segue:

Fase 1
Pesquisa teórico prática: fase para qual se pede o financiamento
Esta fase envolve ensaios e performances na rua, através das quais estaremos interferindo na organização usual do espaço, do ritmo, e da maneira de estar nesse espaço. Serão escolhidos lugares de grande movimento na cidade de Porto Alegre – RS, tanto no centro quanto na periferia. À esta pesquisa damos o nome de Pequenas Ações Terroristas, ou seja, algo que irrompe no cotidiano e, infiltrando-se nas brechas, promove rupturas num sistema estabelecido. No cotidiano anônimo da cidade, o que pode ser mais perturbador do que um abraço que parece durar infinitamente? O quanto uma ação de entrega, confiança e que acontece num tempo alheio ao da produtividade pode ser quase um atentado ao pudor? Esses são alguns dos questionamentos que orientam as ações, selecionadas a partir de quase um ano de trabalho em sala. A pesquisa Pequenas Ações Terroristas compõe-se, portanto, das seguintes ações: O ABRAÇO, UMA DEITADINHA PRA PENSAR e A CORRIDA.

Primeira Ação Terrorista: O ABRAÇO. Esta primeira ação consiste em que as duas performers permaneçam abraçadas por um longo espaço de tempo. A regra do jogo é a entrega mútua do peso, até que algum impulso gere movimento. Sempre que possível, retornamos à posição inicial — o abraço. Tendo em vista que em um local de grande circulação no centro da cidade as pessoas atropelam-se na disputa por espaço e por menor tempo pra chegar a algum lugar, este abraço será por si só uma interferência neste ritmo frenético: um contraponto ao corpo-máquina. Além disso, há um grande tabu em relação ao toque corporal na sociedade contemporânea, e por esse motivo é que esta ação toma dimensões obscenas, diríamos quase pornográficas.

Segunda Ação Terrorista: UMA DEITADINHA PRA PENSAR. Como na primeira ação, faremos uma interferência no espaço público, mas agora com um momento de reflexão. Permaneceremos deitadas no chão desse espaço, e pressupomos que as pessoas desviarão seu caminho para não pisotearem “as performers”. Nesse momento em que aproveitaremos para observar as mudanças que ocorrem no espaço, também estaremos percebendo como esse espaço recebe nosso corpo, ou seja, de que maneira a parte posterior do corpo está para o chão.

Terceira Ação Terrorista: A CORRIDA: Das três ações esta está mais inserida no contexto urbano, quando em seu formato original, preservando o seu ritmo. Nesta ação serão experimentadas todas as variáveis dessa ação; correr rápido, correr de quatro patas, correr de costas, correr no lugar, correr em câmera lenta entre outras, visando recortar, através da ação corporal, um espaço específico dentre as inúmeras possibilidades existentes na cidade.

Todas as ações têm em sua essência uma proposta de provocar estranhamento.
Cada uma delas será feita isoladamente: a cada dia de performance será feita somente uma ação. A cada realização performática será feita a captura de imagem através de vídeo e fotografia, bem como serão realizadas as observações de dentro e de fora da performance, pelas performers, pelos observadores e pelo público em geral.

A cada performance haverá ao menos um observador, percebendo reações, conversando com as pessoas que assim quiserem, e entrevistando quem estiver disponível para tal. Estarão também presentes em ensaios em sala após a performance para que possam compartilhar com as bailarinas impressões, idéias e sugestões.


Este caráter de reciprocidade, no qual os espectadores contribuem para a pesquisa dando sua entrevista, assistindo, se deixando afetar por essa ação ou não, deve ser mantido durante todas as ações na rua, sendo que performers contribuirão para uma nova percepção desse espaço público o qual, segundo nosso entendimento, modifica-se durante e talvez até após cada intervenção.

Fase 2
Montagem do espetáculo: A partir da finalização da etapa de pesquisa daremos início à fase de montagem na qual se concretizará o espetáculo Histórias do Corpo. Tratamos essa obra como uma reflexão sobre o universo feminino simplesmente porque, sendo mulheres, este é nosso ponto de vista para observar, experienciar e atuar no mundo. Esta obra coreográfica será criada através do que ficou impregnado das ações feitas na rua, de idéias anteriores.

Uma dessas possibilidades é a que foi investigada anteriormente: durante um ensaio, após um exercício de manipulação da escápula, muitos movimentos até então sem nenhuma sensação especial passaram a ser feitos com uma percepção muito específica a partir da qual criou-se a necessidade de comentar o caminho do braço, do resto do corpo e isso foi tomando a forma de uma história, na qual o narrador era o corpo. O ensaio transcorreu, então, sendo narrado através desses movimentos, e histórias de pessoas vinham à tona e se transformavam em novas histórias através dos movimentos.
Desta forma é que pretendemos criar a dramaturgia do espetáculo: que ele se inicie como uma conversa entre as performers e depois entre performers e público e que a cada apresentação tenhamos a possibilidade de comentar as novidades de espaço, de público e que são, afinal, novas percepções sobre o mundo.

O espetáculo terá módulos intercambiáveis que poderão modificar-se conforme o contexto, ou seja, cada cena constitui-se de camadas, podendo-se desdobrar em duas ou mais cenas, e podendo conter várias temáticas dentro da mesma cena.

Fase 3: publicação de um livro contendo desde diários de criação do trabalho quanto relatos do público, registros visuais, textos dos observadores convidados e reflexões nossas a partir da experiência.


Entendemos que este projeto pode propor uma nova percepção do espaço urbano, na medida em que instaura uma percepção poética daquele espaço. Acreditamos estar igualmente contribuindo para ampliar as possibilidades de diálogo entre o fazer artístico e um público distinto de seu habitual, na medida em que o diálogo entre artistas e público extrapola os limites da obra. De fato, tais limites encontram-se tensionados e borrados ao longo de toda a proposta, e é justamente nesse transbordamento de fronteiras que identificamos o principal potencial deste projeto enquanto ação a um só tempo artística e política (categorias, aliás, que não compreendemos como apartadas mas como mutuamente constituintes).



FICHA TÉCNICA

Pesquisa, criação e atuação
Dani Boff e Heloisa Gravina

Colaboração e pesquisa musical
Michel Capeletti

Captação e edição de imagem
Marcelo Gobatto
Patrick Laigneau


Colaboradores Observadores
Alexandra Dias
Lucenira Kessler
Mônica Dantas
Cibele Sastre
Lorena Muniagurria

Fotografia
Luciana Mena Barreto

Produção
Marco Antônio Mafra

Co-produção
Inês Hübner

sábado, 1 de março de 2008

Abraço no. 7 - Em algum shopping de um mundo distante

"Abraço no shopping? Só com tempo marcado"

17/11/2007















É, parece que o abraço estava sendo vetado sob o pretexto de ser evento.
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Fotos: Lu Mena